sexta-feira, 16 de abril de 2010

A solidão é necessária ao convívio

Deixo-vos aqui um excerto de uma pequena grande senhora chamada Agustina Bessa Luís.

Mais uma vez vos deixo com um excerto porque nem sempre a minha parvoíce merece ser partilhada...

porque nem sempre sou parvo...


porque às vezes me sinto só embora esteja rodeado de gente...

porque observar as outras pessoas/casais que fingem não me ver, não existir, mas que ali estão e me fazem companhia... me enchem de lembranças, sonhos, angústias, desesperos...

porque às vezes sinto que já tive uma família e amigos, e tudo o que de bom isso acarreta... restando agora apenas a solidão como companheira de armas...

Onde estás tu?

"As pessoas estão prontas a viver em bom entendimento, mas não querem ser viciadas em agradar. A condição humana assenta num pressuposto equilibrado: a vida agrada a uns e desagrada a outros. Há uma parte da solidão que não podemos compor, e é melhor que assim seja, porque é na solidão que assenta a diferença tão falada. É isso que se receia: que nos proíbam a solidão, esse pequeno espinho que afinal nos faz solidários na multidão. Observem um grupo de pessoas que ri da mesma anedota: estão abertas a esse prazer do momento, mas não se distraem da faculdade de serem sós na sua fundamental forma de orgulho que é serem únicas. A moral consta duma certa dose de cortesia para parecermos bons. «Só Deus é bom.» Se percebermos esta conclusão, percebemos que imitar o bem é tudo o que humanamente nos é permitido."

in "Dicionário Imperfeito"

Sem comentários: